sábado, 27 de outubro de 2012

Olhe para mim tentando parecer alguém digno da minha idade, mas com o fino cuidado de não me deixar cair em obviedades. Nunca o suficiente para que anos depois não olhe para trás com o ar rançoso e superior da experiência, mas ainda assim a mesma lata mortal, inútil e desprovida de propósito. Sigo regurgitando fragmentos de reflexões, como se fossem resultado das porcarias, da fast food, de que me alimento. Me vejo sempre distante de tudo, mas nunca próximo de qualquer coisa que me pareça engrandecedora ou carregada de sentido. Sempre um pensar que foge ao pragmatismo e que, se analisado sob este viés, poderia ser taxado como estúpido. Mas sou teimoso com o que busco e insisto em pensar que o que quer que isto seja, segue adiante de minhas seguidas desilusões ou falta de ilusões. Beberei do rio até que seque ou morrerei afogado.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Desencontro

Eu gostaria que você pudesse me ver assim, como estou, durante a madrugada, quando o eu recolhe-se a sí mesmo e se finge o mínimo. Pois o dia lança sua luz sobre as inseguraças e criamos, casca sobre casca, aquilo que não somos.
O dia nos põe no banco dos réus; a noite, dos júris. Julgamos o que nem sempre é, e somos o que quase nunca somos...
Quem sabe assim você poderia me dizer o que eu, noite após noite navegando pelos mares do ego, não fui capaz de dizer: o que sou.